Kaju Yamaka • 03 de abr, 2024 (editado)

Benjamin Banneker

Benjamin Banneker (9 nov, 1731 – 19 out, 1806) nasceu no condado de Baltimore, Maryland. Sua mãe era uma afro-americana livre e seu pai tinha sido escravizado. Praticamente não teve educação formal e em grande parte foi um autodidata, especialmente em astronomia e matemática. Desenvolveu vários talentos que lhe trouxeram destaque como astrônomo, escritor, compilador de almanaques, agrimensor, inventor e defensor dos direitos civis.

Banneker tornou-se um herói popular após sua morte, levando a muitos relatos de sua vida sendo exagerados ou embelezados. Vários nomes de parques, escolas, ruas, dentre outros, prestaram homenagens a ele e suas obras.

“Benjamin Banneker: Agrimensor-Inventor-Astrônomo”, mural de Maxime Seelbinder, construído em 1943.

“Nunca abandone sua visão. Continue seguindo em frente para alcançar seus sonhos.”
Benjamin Banneker

Juventude

Seus pais o enviaram desde cedo para escola ser alfabetizado e aprender aritmética. Demonstrou uma afinidade com matemática incomum entre seus pares. Sua educação formal (se realmente existiu) foi encerrada ao atingir idade suficiente para ajudar na fazenda de sua família.

Por volta de 1753, aos 21 anos, Banneker construiu um relógio de madeira que tocava a cada hora. Aparentemente ele baseou o projeto num relógio de bolso emprestado, esculpindo peça por peça em escala. O relógio permaneceu em funcionamento até sua morte.

Réplica do relógio desenvolvido por Benjamim Banneker.

Com a chegada de Quakers nas proximidades, Banneker teve acesso a livros e a equipamentos que o auxiliaram no desenvolvimento intelectual, em especial matemática e astronomia.
(obs: Quakers eram líderes do movimento abolicionista e defensores da igualdade racial.)

Almanaques

Banneker fez diversos cálculos astronômicos (ie: eclipses solares, conjunções planetárias, …) visando serem publicados no Almanaque de 1792. Essas informações chegaram ao David Rittenhouse, um importante Astrônomo Americano e presidente da Sociedade Filosófica Americana (American Philosophical Society), que endossou os cálculos:

“foi uma atuação extraordinária, considerando a Cor do Autor … Cada exemplo de Gênio entre os Negros é digno de atenção, porque seus supressores parecem dar grande ênfase às suas supostas habilidades mentais inferiores.”
David Rittenhouse, Astrônomo Americano e presidente da Sociedade Filosófica Americana

Banneker respondeu ao endosso de Rittenhouse afirmando:

“Estou incomodado em perceber que o assunto da minha raça foi tão enfatizado. O trabalho ou está correto ou não. Neste caso, acredito que seja perfeito.”
Benjamin Banneker

Com o apoio de Rittenhouse, dentre outros, Banneker conseguiu que seu trabalho fosse publicado no almanaque de 1792. Isso incluiria não apenas suas previsões astronômicas, mas toda a variedade de temas contidos num almanaque. Essa publicação de 1792 foi a primeira numa série consecutiva de 6 anos.


Almanaques de Benjamin Banneker, primeiramente publicado em 1792. Na época, almanaques eram amplamente distribuídos. Em algumas edições de 1795, havia um retrato em xilogravura, provavelmente idealizado, do autor.

Os temas dos almanaques variavam conforme ano e edição, mas resumidamente englobavam:

Os almanaques continham recomendações e homenagens de personalidades proeminentes da época, e também foram fortemente promovidos por grupos abolicionistas. Ao menos 28 edições dos almanaques foram publicados em 7 cidades de 5 estados. As primeiras edições foram um sucesso comercial.

“sentem-se gratificados pela Oportunidade de apresentar ao Público, através da sua Imprensa, o que deve ser considerado como um Esforço Extraordinário de Gênio - uma EFEMÉRIDES completa e precisa para o Ano de 1792, calculada por um Negro Descendente da África, …”
Prefácio do Almanaque de 1792 de Benjamin Banneker, escrito pelos editores.

Direitos Civis: Carta para Thomas Jefferson

“A cor da pele não tem nenhuma ligação com a força da mente ou a capacidade intelectual.”
Benjamin Banneker

Em 1791, Banneker escreveu uma carta ao então secretário de Estado e futuro presidente dos Estados Unidos, Thomas Jefferson, onde o acusou duramente de oprimir seus escravos e como isto contradiz a Declaração de Independência escrita pelo próprio. A resposta de Jefferson, apesar de evasiva, manifestou apoio a causa dos escravos negros e informou que a cópia do Almanaque seria entregue à Academia de Ciências de Paris. No entanto, a Academia não recebeu o Almanaque.

Essas cartas foram publicadas em algumas edições dos Almanaques de Banneker. Posteriormente, outras gráficas também publicaram essas cartas. Um desses editores intitularam a carta como sendo “do famoso astrônomo autodidata, Benjamin Banneker, um homem negro”.

Em 1809, três anos após a morte de Banneker, Thomas Jefferson manifestou uma opinião contrária a de 1791, colocando em dúvida a capacidade intelectual de Banneker.

Morte

Banneker morreu aos 74 anos em 1806. Durante o funeral, sua habitação foi incendiada e vários de seus pertences foram destruídos – inclusive seu relógio que funcionara por mais de 50 anos.

Banneker nunca casou e não deixou filhos. Seu alcoolismo crônico, que piorou com a idade, pode ter contribuído para sua morte.

Réplica da cabana de madeira de Benjamin Banneker.

“O Sr. Banneker é um exemplo proeminente para provar que um descendente da África é suscetível de tão grande aprimoramento mental e profundo conhecimento dos mistérios da natureza quanto o de qualquer outra nação.”
Obituário de Benjamin Banneker

Em 1980, o Serviço Postal dos Estados Unidos emitiu um selo de primeira classe em homenagem a Benjamin Banneker. A roupa é típica da época, mas não há registro de seu rosto.

Dúvidas e Comentários

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